sexta-feira, 24 de maio de 2013

Tarô a Toa



Tarô a Toa é a anunciação da poesia nas ruas em forma de jogo de cartas. Cada carta é um lvreto de poesia, diferenciado por tema, cada tema é uma cor, e cada cor dependerá de sua sorte! Todos os livretos juntos formam meu preimeiro livro de poesia.
A idéia vem da experiência nas ruas, da ação da poesia em forma de performance, com uma abordagem que desperta a curiosidade nas pessoas. 
É um Tarô diferente, é a toa mesmo! 
Bom, há quem diga que poesia é previsão...  
a experiência está valendo, e vai trazer muitas novidades!


quinta-feira, 23 de maio de 2013

néctar

queimo o peso do dia
e a formiga de cabeça grande
carrega a pesada pétala amarela
pétala ama
sempre amará linda
sem saber do sal
o sol saberá a cada dia
                        
de repente
a cabeçada toda reunida
fazendo do que cai amarelo
pétala pétala anda
pintura tinta de sol no chão
sob o céu de toda formigada
despedaçam a flor no ato

uníssonas

seguem a marcha crescente
rente ao buraco do néctar
seguem a marcha crescente
ao lado de obreiros
que concretizam o céu
carregando o peso do tempo

cai uma cinza
cai na formiga

estrela solitária magnética

toda via
ativa dormida
canaliza e analisa a ira
para assim florir...
o amarelo que cria anilina
no ar araçá amara anil
amarra cromos
de semilla
no bico
como

ama


a explosão solar

Si saber

o vento cortou no ouvido
no meio da noite
subindo as estrelas
dizendo se vem
ou se veio
ou se vai

é só necessito
si saber
que sinto
quando  vem
o que veio
e que vai

vou escrever no ar
que vontade é coisa 
que não se brinca


quarta-feira, 22 de maio de 2013

totemia


andarilho olhê
      sopra e vê
    colibri voar
  sofrê soprarê
   o preto breu

                 os pés no céu
                 o céu nos pés
                 achar no chão

                         céu chão
              
                  encontrarê
 a luz da região da vez

   soprarê até ventaniar
onde o vento irá acabar

o sol é o astro rei
      sofrê soprarê
       
          o preto breu

indiomã

índia ou mãe
criada da terra
curada da mãe
cria o idioma
imã

lembrou

dos barrancos que descia
                deslizando
                e se desfazendo

            e foi

mergulhou na terra
           no findo
                 ouviu ecos
  de vozes emudecidas
da história dessa gente


 tatuou a memória
 e abandonou o peso

                     e dançou

derramou estrelas caídas na gente
                                  e girou
no ciclo armado para se romper
                            da inércia linear
   do ocidente que nem sente
que nem cabem mais nas mentes
   que retornam eternas a girar

tatuou a memória
 e abandonou o peso

                        e  foi com o solo
               que seguia seu percurso
                nos rios
                    tudo foi sedimento
                       por onde passou
seu único olho não suportou
                ver a luz da região

                        e assim cego
                tornou-se vidente


                a morte é fecunda

  

o ser são

o ser que adora o agora
são cristais escassos na cola
    
acefalado  múltiplo
       collor de bolor
   tinta liga
      acerta a emenda
       cola do núcleo
        dispensa olhos cegos
               em orbita
                        egos

 desmanchar a luz
   debulhar olho cru
    furtar a cor da vaga
       da dispersão
              primária ágora
tinta liga

alinha pontos de testa
para cada eu vagando no mundo

 malsinada da sina
de cavar a dura era erodida
     vida
esbagoar a sangue o cristalino


os intransferíveis

meditam sobre o tédio
desta média classe que veio
nesse vai não vai
           vai não vai
                voa

e escorrega pelo cano
a baixo do mundo
             escorrega o ego
                 entrega
       escorrega o ego
          enxerga
        além da média
        da medida desmedida
          deste tempo embaralhado


quem nesse deslize
goza nesse vai não vai
                    vai não vai
não volta mais
para este raso vaso
plano de terra

vai na descida decidida

e levita sobre a cidade

na idade médio prazo de prazer

trato dos viventes

foi o vento que trouxe
de outras bandas do mar
as caravelas com concreto
desta terra que cimentou
e fez da memória
uma estátua

vem cortando o vento

bandos de bárbaros
invadem a cidade
arrasando o asfalto
trazendo e levando minérios
deixando o mais violento
sedimento comprimido
do desejo de se romper
seguindo a vontade

o vento tratou
de espalhar os bandos
demoliu o tempo
          que se fez líquido

para os que sobreviveram
um rio de viventes

cena para um museu

rumina o homi
pasta e seca
          a idéia
da flora jorrada
do nosso ventre
de terra
feito a fera
rompe e passa
o falo na tela do fígado
prometeu
no museu

prende o homi
se arrasta
e o rastro de mato
varre e pasta
o outro homi
do museu
mausoléu

rumina os homi
afetados da idéia
moendo pedra
do lado de fora

museu mausoléu
matou o mato da terra

rumina os homi
tá com fome?
mata o homi
e come

 bendita seja
a pedra desfeita
bendita era
altera a idade
alterado seja o pré-homi!

casulo ambulante

a mesma membrana protetora
para cada manhã
desperta em outro lugar

com a memória nos órgãos
 da minha geração
na metamorfose da saudade

acordo para

              voar o chão 

a conferência

passarinho quer passarinho
        para sim
              seguir o fraseio
sem nunca errar nota nenhuma
       
                   só sabendo
que conjunto comum
               é o que sabem
    ao favor do vento


nada
é a nossa condição


esqueci quem sou eu

mínimo mundo


ela confundiu seu ego com mel

o mel
que é o mel de todas as abelhas
rainhas e pequeninas

pequeno o mundo da rainha
que não soube ver a flor virando mel
tão grande a sua gana sendo trazida
pelo vôo das pequeninas
engrandecidas de tão céu


levas e levas
para o inchaço da rainha
que morreu com sua barriga grande


ela quis passar na frente de seu povo