alcance sem limite
é o acordo do
comando
escolher o
passo
sem saber o
vasto
...
ah meu Rio de Janeiro
em cada bueiro
é a via
para cada gozo por falta de pai
foi no escuro
que tu viu minha luz própria
...
- quanto ainda devo caminhar neste
calundu?
- existe jeito de tirar a sombra do buraco?
a tua sombra ainda me espinha
juazeiro
...
sombrio domínio
personificando
o impulso
-o mando nos
bandos quem se
introduz?
...
vou na minha sorte
não devo minha morte
não dou minha morte
eu devo é com a sorte
espinha de pirarucu
paro
e piro no espinhaço
ó urubu mãe levou
a carne no sol
o que devo é o sentido do nervo
que
fala minha carne no sol
não vou na moléstia indagada de cristão
que é destino de medo
desafio
o mais no menos
segurando a vida até onde ela me dar
ouça crendice
vai levar este rezo e diz
que colorir o mar
benzeu com o limpo da fonte
benzeu com reza forte da Bahia
que levou todas as parideiras
agarrar a cria
acariciando o bem maior
memorial
guardado
aguadouro
de barro
poço
cavado
...
porque a mente quando cresce
não volta mais pro lugar de antes
e cada cidade eu sei o sim
e o senão
já fui
na invencionice leiga
de querer alargar o mundo
é se soltar inteiro
te vi de longe
eu te conheço
eu sei por onde
eu vim parar aqui
na invencionice leiga
de querer alargar o mundo
é se soltar inteiro
canta comigo
é se soltar inteiro
solto por si
solto por si
cidadão
atenuando o até breve
no desbaratino diário...
...tô nos confins de manter o confiar
até de
respirar do mesmo jeito
embalo!
encucou o revirado do dia
sem
saber o arreparado
só se sabe o encontrado
somemos o
dado milagreiro
montado na cela do espinhaço
me arrepio inteira
no emaranhado das idéias
vai caminhozinho
vai vida entrando
no semblante do sábio
das horas que
tem dentro
ponteio
marcado
...
o elo da
liberdade
é a sorte de um caminho dado sem medo
beira
de estrada
voltando nos mesmos lugares
é
que se relincha no somado
do
timbre que sai de um tambor
do povo, das pedras, dos serros, da seivas
da sede
de quem
busca abrindo o êxodo
...
foi dando nome aos ventos
traçando
avenidas aéreas
que escolhi o que dar certeza
daquilo que me leva a matriz
pra guardar bem dentro
do coração batendo
batendo no tom
do chão
agarrando o
arredondado do ar
pendurado
nos dedos
...
o certeiro da língua
estampado na melodia
cara minha vira nada
quando o ar suspende
suspeitando o sustenido
abre o olho!
sem enxergar ser comum
me evidencio misturada
com cada sonho de quem tá na sala
acreditar mesmo sem cruzes
nos seres encontrados
nos caminhos desastrados
...
“viva a nossa senhora do rosário!
viva!
viva a todo mundo que se acha!
viva!”
*canto dos tamborzeiros do
Arassuaí-MG
Em Diamantina-MG
o boi lumiado
chifre de ouro
que dar no couro
fazendo prega no seu rastro de estrume
eiá
rastro mandado
se tá ruim num lugar
sim saber
o que espera no outro
por venir
vai vida!
vôo encantado
vai... a chuva que me expulsa
e algum maldizer do destino
se saindo
fazendo as sinceridades
se juntarem no belo
do berço da cultura
...
vim! e diamante vi
é que tá aqui o que mereci
mãe d’água
vale a humanidade aqui
em Milho Verde
a coisa mais linda
vim! e o lajedo vi
a água cair
e moer o milho
mãe d’água
travesso na benção o rio
tão dentro d’eu
o sertão é meu
êh boi! vai nascer
vai dar ciranda e gira o moinho
êh boi! veio pra ser
é que talhou em mim o de refletir
...
água benta
que
bebo
inundo
e esvai de
mim
minha
sina
me leva e traz
e me
abençoa mãe
que te deixo
e te respondo
sobre
o encontro
sobre a força
do peixe
contra a correnteza
-quantas linhas faltam?
também agradeço a comodidade
...
mas o rumo do que segue
do
que ganhamos com a vida
guardo o que muitos sentem saudade
daquela
falta misturada na noite
com a imensidão do que pode ser
a
humanidade
alumiei
num leito de mãe
...
o
poder de se camuflar
consiste
em deixar
a
memória em conserva
...
êh guarida guardada
ressurgiu rompendo o tédio
tanto!
tanto! tanto!
o teu feitiço no
meu feitiço
- das linhas do círculo, quem te ditou?
- foi no circundado que escorregou?
deu lua
minguante
medindo o nítido no meio do escuro
vi aves e
peixes vibrantes
e o ilo da língua da borboleta
mas, o sumo que míngua
é culpa da lua
...
a tempestade
o clarão dando na janela
o vazio?
só depois de ter passado
pelas unhas afiadas da intempérie
é que comecei entender
dentro do meu sentido
que não posso deixar
o vazio penetrar na noite
no raio da hora
em baixo do
chão os minérios
de
súbito se preenche a matéria esvaziada
a trovoada no dialetal!
me
preencho, me preencho
com
meu próprio invento
de toda uma vida
espalhando e
filtrando sensações
lágrima
derretida
sou uma pessoa
...
e o céu silenciou
bichos de luz em volta
do
meu corpo no escuro
-será que eles sabem?
deixo
mostrar o fecho do olho
da visão
dada transbordada
aurora do agora
bordadeira,
bordadeira!
- pra matéria da hora,
quantas linhas faltam?
vamo embora
baldear munição
porque nessa vida
o
jogo dela se endivida
e dívida é dádiva
êh
máxima do tempo
fé
sacudida no parâmetro
um momento, quero te dar
...
para panambi
Ouro Preto né...
bendito já me
disse
que ficar por mais perto
pode dar no
relento
o relato do ar
espelhou no céu riscado
as linhas que devem o risco
diacho no mundo!
quem mandou destampar
o que tava costurado?
foi lama
rio
abaixo
o abismo
instaurado
do inchaço do espinhaço
por isso é
bom
deixar o dorso da espinha sempre ereto
pra firmar
bem o firmamento
pois
cada um sabe
a sombra
do seu buraco
...
aos incendiários
no jogo do breu
encontram-se em qualquer cume ou margem
os mercenários do fogo
se dizem incendiários
comburentes sitiados
querendo trazer a novidade
como combustão de comportamento
mas, o vazio não nega
a invenção do fogo dos homens
se o fogo da conquista
já virou fogo terminado, pó devastado
os incendiários já não garantem
lugar na terra
desafio maior planetário
se criar iluminado
com seu próprio inventário
ascender a si próprio
ovo luminoso, que ao se quebrar
atrapa uma constelação
...
o apelo da terra
o de dizer sem palavra
cabe
dentro lapso
onde moram as formas escondidas
o instante que revela
é o
todo do não dito
e ainda mais
ecoando na margem do que desconheço
a
sacerdotisa veio personificar
...
...vai
lá no meu quarto
que
vai dar no mato
que vai dar na árvore pendurada no teto
que
devora a cal...
...
encontrei uma metrópole
no meu quintal
acordei
para ver o sincero
dos teus olhos
encerrado
amêndoa doce no siriaco
lá no
alto
onde começa o vale
Lençóis-BA
...
êh chapadão que se abriu
ca
cho
ei
ra
o campo lilás
é da maior poesia
que a espécie em flor da candombá
só se dependa do fogo
para florir
o que é a cinza da impunidade para
um toco que quer brotar
...
quando os despertares
se cruzam as portas
calêndula
verá o senso
do intento
do
alinhamento
da
flora dos sonhos
ficarei a pleno
no ir e vir
até
despertar
no brote
moldura
...
o gosto de sangue que deu
no nó da garganta
enumerou
o dado sanguíneo
dos que foram coagidos e
coagulados neste
grande sertão
assim como o sol que raia
no espinho da seca
diadorim morreu na faca
enfiada
onde a lei que impera
é de quem, no risco
sabe mais esta terra
mergulho profundo
de Bahia à Minas
um soerguimento de serra
me entrega ao meu intento
o de querer entendimento
do repulsivo e o atrativo
em seu movimento
antena minha me disse
o tino no ar
no acontecido
já foi repetido
...